Quando hoje for amanhã
João Carlos Abreu (n. 1935), o poeta-escritor madeirense que se notabilizou na abordagem à temática humanista, com vários livros publicados, estará na esteira de Herberto Hélder, Tolentino Mendonça, entre outros insignes da arte poética, porém a sua obra e o seu museu são testemunhos vividos do mundo que bem conhece de lés-a-lés. João Carlos Abreu foi dos poucos jornalistas portugueses destacados em Roma para reportar o Concílio Ecuménico II, entre 1962 – 1965, por iniciativa do Papa João XXIII, no qual participaram cerca de 2 500 cardeais.
Dono de uma vasta cultura, católico praticante, escreveu por estes dias o poema "Quando Hoje For Amanhã" do qual divulgamos algumas estrofes, como oportunidade de reflexão para o período de "quarentena":Amanhã
quando este vírus maldito
deixar de voar
voltaremos aos braços
uns dos outros
Amanhã
encheremos de luz
as madrugadas escuras
das nossas inquietações
e dúvidas...
Amanhã
valorizaremos ainda mais
as flores dos jardins
o sol, a chuva, os abismos
e
calcorrearemos os caminhos
íngremes das nossas montanhas
aperceber-nos-emos
que a felicidade
não é a riqueza
…
Olharemos uns para os outros
com mais respeito e consideração
e
construiremos novamente
os sonhos e castelos
do nosso contentamento
por fim verificaremos
que é na fragilidade
das nossas vidas
que residem as razões
do nosso viver...
> João Carlos Abreu