Há oitenta anos, no dia 10 de Dezembro de 1938, o ministro das Obras Públicas, Duarte Pacheco, inaugurava as comunicações telefónicas entre a Madeira e o Continente. Uma grande "ponte" atravessava as ondas do Atlântico Norte e a ilha fazia-se ouvir melhor junto do Governo Central, numa época de grandes empreendimentos públicos em quase todo o território nacional.
Duarte Pacheco (1900-1943) foi o "cérebro" do desenvolvimento, o protagonista da "transformação profunda do País", contribuindo de forma notável para o património edificado em várias áreas. "Durante os anos que presidiu ao Ministério das Obras Públicas e Comunicações e à Câmara Municipal de Lisboa, planificou e executou as obras que trouxeram Lisboa e Portugal para o século XX.
Ao seu nome ficaram ligadas, entre muitas outras, em todo o país, obras emblemáticas como os bairros sociais de Alvalade, Encarnação, Madredeus e Ajuda, em Lisboa, as auto-estradas Lisboa-Vila Franca de Xira e Lisboa-Estádio Nacional, a marginal Lisboa-Cascais, a Estação Marítima de Alcântara, o aeroporto de Lisboa, o Estádio Nacional, a Fonte Monumental da Alameda, o Instituto Nacional de Estatística, a Casa da Moeda, a organização da Exposição do Mundo Português."
Construções emblemáticas que caracterizariam a construção do Estado Novo em todo o seu esplendor, além dos condicionalismos políticos da altura.
No caso da Madeira, a governação de Duarte Pacheco teve um "discípulo", na pessoa do então presidente da Câmara Municipal do Funchal, Fernão de Ornelas (1908-1978), que exerceu o cargo de autarca entre 1935 e 1946. Durante o mandato, Fernão de Ornelas foi o verdadeiro responsável pela realização da "obra de modernização da cidade do Funchal", abrindo horizontes e rasgando espaços para o saber e o fazer da sociedade no seu tempo, mas com especial aposta no futuro.
Além das "ligações telefónicas" com a ilha, foi durante o mandato destes dois excepcionais governantes que se construíram no Funchal, por exemplo, o Liceu Jaime Moniz, o Mercado dos Lavradores, o edifício do Banco e Portugal, dos Correios, e se projectaram as avenidas, as vias rodoviárias, de largo alcance para uma cidade cosmopolita.
Dois governantes com carisma, muito à frente da sua época, e que ficaram para a História não apenas pelas ideias ou boas intenções, mas pelo que fizeram e empreenderam na prática, a favor do bem comum.