Há cem anos, no dia 19 de Outubro de 1921, a I República portuguesa sofreu um dos episódios mais trágicos da sua periclitante história, que ficou conhecido como a “noite sangrenta em Lisboa” e em que foi fuzilado o então chefe do Governo, António Granjo, entre outras personalidades. Tudo começou com uma “revolta militar” comandada pelo coronel Manuel Maria Coelho, “antigo revolucionário do Movimento Republicano de 31 de Janeiro de 1891”.
Nesses dias, António Granjo apresentara a demissão do executivo ao Presidente da República, António José de Almeida, mas o seu pedido não foi aceite; e enquanto não se nomeava um novo governo, aproveitando-se do “impasse” suscitado, na noite de 19 para 20 de Outubro de 1921 “um grupo de civis e militares, liderado pelo cabo marinheiro Abel Olímpio, conhecido por ‘O Dente de Ouro’, conduziu os acontecimentos da designada Noite Sangrenta” através das ruas de Lisboa com uma “camioneta-fantasma”, à procura de “figuras do regime republicano, que, forçadas a entrar no veículo”, eram depois executadas. Além do Primeiro-Ministro, António Granjo, foram também assassinados outros protagonistas da Revolução de 5 de Outubro de 1910, como Machado Santos e Carlos da Maia.