Em defesa da democracia
“Um pouco por todo o mundo, dos Estados Unidos a Espanha, as democracias liberais estão sob ataque, enquanto o autoritarismo cresce”. Esta a tese do livro “O Crepúsculo da Democracia”, da jornalista e historiadora norte-americana Anne Applebaum, que retrata o mundo da política e dos governos com argumentos preocupantes. A autora dá como exemplos a ascensão do “Estalinismo” na antiga URSS, do poder “Nazi” na Alemanha, até as situações do nosso tempo, desde Boris Johnson com o “Brexit”, até ao “desmantelar do Estado de direito na Polónia, passando pela Espanha e pelo Brasil”.
Nesta obra, Anne Applebaum - uma das primeiras jornalistas a alertar para a “interferência russa nas eleições dos Estados Unidos”, revela como os “autoritarismos” e o “despotismo” estão a crescer no mundo, como resultado de “crenças radicalmente simples”, mas “cativantes”, apoiadas em “recompensas”, em “favores”, como uma corte de soldados fiéis à volta do “grande líder”.
Applebaum “analisa como os novos adeptos do iliberalismo se organizam e mobilizam, e demonstra como as teorias da conspiração, a polarização da opinião pública, as redes sociais e a nostalgia por um passado idealizado são usadas como armas para transformar as sociedades em que vivem.” Basta seguir os “sofistas” da nossa política doméstica, baseados em “populismos” e ideias descartáveis, para consumo rápido, e ver o que nos espera a breve prazo, com as eleições presidenciais no horizonte…
Interessa ler “O Crepúsculo da Democracia” para se perceber, de facto, a realidade “política e social que está a deformar as nossas sociedades”; e os caminhos que devem ser trilhados para “recuperarmos os nossos valores democráticos”.
Os cidadãos eleitores (e leitores), entretanto, também não se podem demitir dos seus deveres e obrigações. Ou seja, não basta alertar para a propaganda “populista” e “autoritária” que nos ameaça de vez em quando, principalmente em tempo de eleições; o combate deve ser feito a todo o tempo, até à erradicação total das “ideias” nefastas para toda a comunidade. Parafraseando Molière, na peça “Tartufo”, diremos que "é um imperativo ficarmos em permanente estado de alerta porque “os invejosos morrem, a inveja não”.