Neste dia 30 de Novembro, há 85 anos, Portugal despedia-se de um dos seus maiores poetas: Fernando Pessoa (1888-1935); tinha 47 anos e deixou uma obra grandiosa. Autor de "Mensagem" (único livro publicado em vida), foi também criador de vários heterónimos que lhe acrescentaram fama mundial - Alberto Caeiro, Álvaro de Campos, Ricardo Reis e ainda de Bernardo Soares e Alexander Search.
A sua morte foi sentida por muitos dos seus contemporâneas, e também no nosso tempo, por intermédio de muitos dos seus leitores e estudiosos. E a sua obra, longe de estar esquecida, continua a suscitar interesse vital, força de vida, que projecta dias melhores e um futuro de esperança. Neste caso, Pessoa continua vivo entre nós; e como afirmou o seu amigo e companheiro do "Orpheu" Almada Negreiros:
"Os mortos têm uma paz que chega a ser inveja dos vivos. Dessa paz ergue-se o silêncio que fala a quem o escuta.(...) E não haja confusões, senhores! Fernando Pessoa foi exclusivamente poeta: o poeta português Fernando Pessoa". Outro amigo do poeta, Alfredo Guisado, também não teve dúvidas ao considerar Fernando Pessoa como "um dos mais altos espíritos, uma das mais completas sensibilidades de Artista, um dos maiores nomes que em todos os tempos possuíram as letras da nossa terra". Resta continuar a ler os seus escritos e apreciar a sua incomparável arte, já que a morte não os venceu.
A MORTE É A CURVA DA ESTRADA
A morte é a curva da estrada,
Morrer é só não ser visto.
Se escuto, eu te oiço a passada
Existir como eu existo.
A terra é feita de céu.
A mentira não tem ninho.
Nunca ninguém se perdeu.
Tudo é verdade e caminho.
(Fernando Pessoa, 1932)
João Godim
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