Marguerite Yourcenar (1903-1987), a autora de livros inesquecíveis como "Memórias de Adriano" e "A Obra ao Negro", entre outros, esteve na Madeira no início de 1960, durante duas semanas. Na oportunidade, a Alliance Française à Madére, organizou uma conferência sobre "Fonction et Responsabilités du Romancier".
Escritora belga de língua francesa, Marguerite Yourcenar foi a primeira mulher eleita para a Academia Francesa de Letras, em 1980, no auge de uma obra notável em todo o mundo. Marguerite Yourcenar é um pseudónimo literário, dado que o seu nome próprio é Marguerite Cleenewerck de Crayencour.Descendente de uma família de origem aristocrata, não chegou a conhecer a mãe que morreu poucos dias após o seu nascimento. Educada pelo pai de uma maneira excecional, cedo se iniciou nas leituras dos autores clássicos, com a aprendizagem do latim e do grego, ainda criança e adolescente; e também viajou muito, em contacto direto com as línguas atuais. Começou a escrever ainda na juventude, tendo publicado o seu primeiro livro, “O Jardim das Quimeras”, aos 17 anos.
No início da II Guerra Mundial (1939), Yourcenar mudou-se para os Estados Unidos, onde passou o resto de sua vida; em 1947, naturalizou-se cidadã norte-americana, ensinando literatura francesa, até 1949. Em 1971, torna-se membro estrangeiro da Academia Belga de Língua e Literatura.
Ainda hoje, a leitura das suas obras continua a ser interessante, ajuda a pensar com objectividade, apesar da própria escritora considerar que a realidade não se encontra nos livros:
> Como toda a gente, só disponho de três meios para avaliar a existência humana: o estudo de nós próprios, o mais difícil e o mais perigoso, mas também o mais fecundo dos métodos; a observação dos homens, que na maior parte dos casos fazem tudo para nos esconder os seus segredos ou para nos convencer de que os têm; os livros, com os erros particulares de perspectiva que nascem entre as suas linhas.
- Li quase tudo quanto os nossos historiadores, os nossos poetas e mesmo os nossos narradores escreveram, apesar de estes últimos serem considerados frívolos, e devo-lhes talvez mais informações do que as que recebi das situações bastante variadas da minha própria vida.
- A palavra escrita ensinou-me a escutar a voz humana, assim como as grandes atitudes imóveis das estátuas me ensinaram a apreciar os gestos. Em contrapartida, e posteriormente, a vida fez-me compreender os livros”.