Liberdade de expressão maculada
A dois dias da eleição do Presidente da República para o quinquénio 2021-2026, a reeleição do Professor Marcelo Rebelo de Sousa está garantida, mais voto menos voto, já o apuramento para os lugares imediatos (do segundo ao sétimo lugar) ficam por definir até a hora de contar os votos, na noite do próximo domingo, 24 de janeiro. Em termos de visibilidade, a campanha eleitoral foi afirmativamente desastrosa e deixa máculas de tristeza. O debate perdeu dignidade, a democracia sai ofendida e a liberdade de expressão manchada, com exceção para o atual Chefe de Estado e para Vitorino Silva, cuja autoridade moral de ambos foi durante toda a campanha enobrecida.
Foi, sem dúvida, uma campanha eleitoral para esquecer. Muitos portugueses questionam o porquê de tanta baixeza cultural quando já vamos em mais de 46 anos de regime democrático? Uma vez que o vencedor já é conhecido, em quem votar? Dos outros seis candidatos… em qual, porquê e para quê? Na boa saúde mental é dito que quem concorre é para ganhar, faz todo o sentido. Será para aproveitar os tempos de antena, um ir ali e já volto para mais tarde contar aos netos e bisnetos se houver? Os gastos com a campanha (numa estimativa total acima dos 550 mil euros) não é um desperdiço egocêntrico? E a imagem que fica e o ridículo deixado?
Que resta: Votar, porque é um dever cívico! Abstenção, não. Compreende-se o drama dos eleitores portugueses, entre o sim e o não. SIM. Esqueçam a estapafúrdia listagem de palavreado que os candidatos nos presentearam: egocentrista, oportunista, mentiroso/a, aldrabão, charlatão, bandido, cigano, garotice, canalha, estúpido/a, cobarde, bâton vermelho, radicalista, falso, desleal, desonesto/a, gabarolice, arruaceiro/a… fascista, conservador, liberal, anarquista, socialista, racista, comunista, direitista, maçon, ultraliberal, monarquista, republicano, entre outros “impropérios”, que bem se pode dizer que foram sopros de muito mau hálito. Vamos votar só para cumprir o dever cívico!
João Godim
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