Exposição no Panteão Nacional
"Sidónio Pais: o retrato do país no tempo da Grande Guerra", é o título da exposição que está patente no Panteão Nacional
até ao próximo dia 17 de Março. A exposição destina-se a assinalar os 100 anos do assassinato do 4º Presidente da República e procura dar a conhecer os aspectos mais relevantes da vida e obra do professor, militar e político, tendo ainda como cenário o Portugal daquela altura (final da Primeira Guerra Mundial).
A mostra inclui exemplares de pintura, escultura, têxteis e publicações de alguns dos mais importantes museus, palácios e monumentos portugueses. Reúne vários objectos pessoais, “nomeadamente uma magnífica espada, que ele usava sempre, uns binóculos, assim como objectos ligados à arte de montar, pois fazia gosto em cavalgar e apresentar-se montado num cavalo branco”, contou a directora do Panteão Nacional, instituição onde repousam também os restos mortais do "Rei-Presidente".
Referindo-se a Sidónio Pais, Isabel de Melo recordou que “foi o primeiro (presidente) a preocupar-se com a sua imagem pública, o "marketing", a forma como se deixava fotografar – só de uma certa maneira -, e da sua promoção política”.
“Deve-se a Sidónio Pais a criação do Serviço de Audiovisuais do Exército e, na exposição, temos filmes da participação portuguesa na Grande Guerra e das várias visitas presidenciais que fez, assim como do seu funeral”, disse.
Paralelamente, “no sentido de contextualizar a época”, a mostra inclui vários obras de arte, nomeadamente esculturas de Teixeira Lopes, Francisco dos Santos e Simões de Almeida, entre outros, e pinturas de Amadeo de Souza-Cardoso, Abel Salazar e Eduardo Viana, uma “custódia magnífica em prata lavrada do Santuário de Fátima, oferta da Quinta da Regaleira (em Sintra, de autoria do italiano Luiggi Manini”, além de várias fotografias.
“A exposição aborda não só a figura do Presidente como a época em que viveu”. Inclui também a descrição “de um ambiente quase misterioso e fantástico”, pelo jornalista Augusto de Castro, de um encontro com o Presidente Sidónio, que, no fim do mandato, se isolou no Palácio da Pena, que “quase funcionou como uma masmorra”.
Sidónio Pais liderou uma insurreição contra o Governo liderado por Afonso Costa e, a 11 de Dezembro de 1917, tomou posse como Presidente do Ministério (actual primeiro-ministro), acumulando as pastas ministeriais da Guerra e a dos Negócios Estrangeiros. A 27 de Dezembro, assumiu as funções de Presidente da República, assumindo desde então "um poder presidencial absoluto" e estabelecendo em Março de 1918 o sufrágio directo e universal para a eleição presidencial.
Em Abril deste mesmo ano, submeteu-se ao escrutínio popular, tendo sido eleito, exercendo as funções de chefe de Estado de Maio desse ano até ao seu assassinato, aos 46 anos, em Dezembro de 1918.
Sidónio Pais encontra-se sepultado no Panteão Nacional desde a abertura do monumento, em 1966. “Curiosamente, desde essa data, é dos poucos túmulos onde nunca faltam flores frescas, além dos de Amália Rodrigues (trasladada em 2001) e de Eusébio (trasladado em 2015)”.