Os parentes e netos de Mussolini
Os “populismos” , como carga ideológica que só torna acessível às “massas” através da exploração dos sentimentos mais negativos, da demagogia, e dos ataques às elites e burguesias dos regimes políticos, não são de hoje, nem de ontem, mas nos últimos 100 anos têm uma origem comum: a “doutrina oca” do italiano Benito Mussolini (1883-1945), líder do “Partido Fascista”, fundado em 1919, no final da Primeira Guerra Mundial, conflito onde combateu com a patente de sargento e aplaudiu a derrota da Alemanha.
Antes, tinha lutado no “Partido Socialista” italiano e escrevia para “jornais de esquerda”; depois, em 1922, ficou conhecido como organizador da “Marcha sobre Roma”, circunstância que o catapultou para a chefia do gabinete governamental e para o cargo de primeiro-ministro da Itália, com o apoio do rei Vítor Emanuel III; a partir daí, e com “eleições fraudulentas”, os “fascistas” obtêm a maioria no parlamento; e em 1925 Mussolini tornou-se "Duce" (o “condutor supremo” da Itália). O resto da sua vida pessoal e política foi preenchido com a aliança incondicional ao regime Nazi e a Hitler…, e acabou na “forca” aos 62 anos de idade.
Como líder “carismático” e “mestre” do “populismo”, Mussolini ainda continua vivo e tem discípulos: o seu modo de incitar ao ódio contra as minorias, de defender uma casta de “puros”, “honestos” e “únicos”, e de “manipular” factos a seu favor, sobrevive ainda no nosso tempo; o que não faltam por aí, em vários países, desde os EUA, Brasil, Itália e Portugal, são “netos de Mussolini”, apesar de viverem em democracia…
A este propósito, podemos ler em português um “romance” monumental dedicado a Mussolini (publicado em português em Outubro passado pela Asa), da autoria do Professor italiano Antonio Scurati, com o título “M – O Filho do Século”. Trata-se de um romance, mas não é ficção, “nada é inventado”, porque se baseia em factos históricos e documentais; e ajuda-nos a perceber melhor porque é que os “populismos” e os “populistas”, tão rápidos quanto à sua ascensão ditatorial, também são breves na sua queda, pois não passam de “estrelas cadentes” à procura de um “lugar ao sol”, “marionetas” vazias de ideias fundamentais, provocadores sem escrúpulos, e que precisam de andar rodeados de “segurança” para se defenderem dos que rejeitam os seus “insultos” e “ofensas”, como se tem visto agora com a campanha para as presidenciais no nosso País.
Enfim, todo o cuidado é pouco, e quanto mais soubermos do passado, mais facilmente interrogaremos as propostas do presente e do futuro na política, sem menosprezo pelos que são os autênticos líderes e os mais competentes.
João Godim
FREELANCER
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