A natureza no seu melhor
No espaço de pouco mais de um mês as zonas altas do Arquipélago da Madeira ficaram cobertas de neve. Foi em novembro (2020) e (agora) janeiro (2021). Uma situação que ocorre quase sempre nesta altura do ano. A verdade é que se nos pontos mais altos, acima dos 400 metros de altitude, cai neve, nas zonas baixas faz sol e as temperaturas oscilam entre os 18 e 23 graus, durante todo o o ano.
O jornalista australiano, Jackson Groves, é um apaixonado pela Madeira e tem feito vários vídeos sobre a ilha, alguns com o registo de imagens incríveis > https://www.youtube.com/watch?v=Dq_mFoE-2D0
Para conhecer as 60 caminhadas de Jackson Groves na Pérola do Atlântico, clique no endereço > https://www.journeyera.com/madeira-hikes/. Impressionante!
Quimeras da política
“Já calcularam o número de indivíduos que é forçoso condenar à miséria, ao trabalho desproporcionado, à desmoralização, à infâmia, à ignorância crapulosa, à desgraça invencível, à penúria absoluta, para produzir um rico?" A questão foi levantada por Almeida Garrett (1799-1854), escritor e político português que morreu há 167 anos.
O seu ideário político está cheio de observações práticas e temas programáticos, orientado pelo “liberalismo” que professou toda a vida, a ponto de combater pela mudança de regime e ser obrigado ao exílio onde desenvolveu ainda mais os seus propósitos. Defensor da coerência no regime partidário, contra “grupos populistas” ou promotores de um clima “divisionista”, a sua voz fez-se ouvir com veemência no “Parlamento” da altura contra os “partidários” da “moda efémera” ou membros de “facções” irrelevantes: “E não confundamos facções com partidos”, alertava num célebre discurso; “destes não há senão dois em Portugal que mereçam com verdade esse nome. Um é o da monarquia velha, outro o da monarquia nova. Tudo o mais são divisões imaginárias e de capricho, sem limites naturais nem princípios conhecidos.”
Clarão enganador
Mas, avisava ainda, por detrás dos “partidos sinceros e consistentes, há (…) facções mentirosas, ininteligíveis, confusas, embusteiras e caluniadoras, descomposto agregado de verdadeiros duendes políticos, dos sofismadores de todos os princípios, de todos esses fidalgotes de aldeia que, por qualquer titulo, até pelo de bastardia, se querem aparentar com uma das duas nobres famílias de partidos (…) O empenho destas (…) facções, às vezes opostas, às vezes unidas, é iludir, enganar, confundir, enredar todas as questões que ou entre os dois partidos se levantam, ou se suscitam no seio mesmo de cada um deles, fazendo tal alarido de desordem que as questões se não entendam, que os pontos de dúvida se não esclareçam, e que, em vez de se decidirem com o raciocínio os objectos de discórdia, a discórdia desça às ruas, arme os braços, e atropele, em sanguinosas lutas civis, o que nem se conhece (…) ou devia ser objecto de questão. São como esses fantasmas que projectam na sombra o clarão enganador da lanterna mágica; nenhuma realidade têm, mas imitam espantosamente a verdade que desfiguram.”
Conclusão, as aparências ilusórias dos protagonismos partidários continuam a existir, agora em maior número do que no tempo de Garrett, e a exigir dos cidadãos mais responsabilidade nas escolhas para a os governos e as presidências. Nada de novo.
O romantismo em Portugal
Almeida Garrett, além de político, distinguiu-se como um os principais introdutores do Romantismo em Portugal e “grande impulsionador” da arte de representar, para a qual “promoveu a edificação do Teatro Nacional e a criação do Conservatório de Arte Dramática”, escrevendo “peças de carácter histórico” que visavam a “renovação da dramaturgia portuguesa”. As suas obras literárias mais famosas são: “Viagens na Minha Terra” e “Frei Luís de Sousa”. Morreu em Lisboa aos 55 anos de idade. Os seus restos mortais viriam a ser depositados, primeiro no Mosteiro dos Jerónimos, em 1903; e mais tarde no Panteão Nacional (Santa Engrácia), aquando da inauguração deste monumento nacional, em 1966.
João Godim
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