O mundo na era digital
Em cada época histórica a humanidade avança em termos de desenvolvimento e de progresso material, entre desigualdades sociais e benefícios para todos. O facto é que, “entre mortos e feridos”, nada fica como dantes e o futuro apresenta-se cada vez mais promissor com base, ou não, em mudanças radicais ou como resultado de políticas programadas, por exemplo, pelas “novas tecnologias”.
O nosso tempo, o nosso século, não foge à regra e para compreendermos melhor a situação actual não faltam estudos, investigações de autores de nomeada, como os trabalhos da socióloga norte-americana Shoshana Zuboff (Professora universitária emérita), e cuja obra mais recente – “A Era do Capitalismo da Vigilância – A Disputa por um Futuro Humano na Nova Fronteira do Poder”, já está publicada em português.A obra faz-nos pensar sobre a evolução do ser humano quanto a capacidades e poderes, com referências particulares ao mundo hodierno caraterizado pela “era digital”.
No essencial, a autora “mostra como está em vias de desaparecimento a possibilidade de construirmos um futuro diferente daquele que está a ser programado por nós. Revela-nos aquilo a que chama ‘capitalismo da vigilância’, um projeto global de modificação do comportamento que ameaça transformar a natureza humana no século XXI, do mesmo modo que o capitalismo industrial alterou o mundo natural do século xx”; analisa ainda “as consequências do capitalismo da vigilância que se expandiu de Silicon Valley aos mais diferentes sectores da economia actual”; e alerta para o que nos espera num futuro próximo, ou seja, mais do que um “Grande Irmão totalitário”, viveremos sob a programação de “arquitecto digital omnipresente que opera em função dos interesses do capitalismo da vigilância”.
Em conclusão, Shoshana Zuboff considera que “a sociedade do século XXI corre o risco de se transformar numa colmeia totalmente interconectada e controlada, que nos seduz com a promessa de uma vida fácil e consumidora. Em sua opinião, "estamos numa conjuntura crítica do confronto entre o enorme poder das empresas de alta tecnologia, reforçado pela actual crise pandémica, e as sociedades e os governos democráticos.”
João Godim
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