Pensador original, escritor singular
A maior entrevista do pensador Agostinho da Silva (1906-1994), dada em vida, acaba de ser publicada em livro, com alguns textos complementares e inéditos. Tem por título "Vida Conversável" e revela com naturalidade as múltiplas facetas intelectuais de "uma das figuras cimeiras do século XX português", uma personalidade plenamente integrada em diversos ambientes e contextos, desde o Porto onde nasceu, passando pelo Brasil onde "fundou universidades e antecipou a emergência da comunidade lusófona", até Lisboa, residência efectiva dos seus últimos anos de vida.
Discípulo de grandes mestres na Faculdade de Letras do Porto, como Leonardo Coimbra e Teixeira Rego, desde cedo despertou para as causas cívicas e colaborou em publicações de eleição, como "A Águia" e a "Seara Nova". Obrigado a exilar-se por não concordar com a política do "Estado Novo", o seu magistério e influência identificam-no como um "pensador original, um escritor singular, divulgador infatigável, orador prodigioso".
O Professor Agostinho da Silva, como ficou conhecido, "deixou-nos uma obra monumental em múltiplos domínios do saber e bem assim o legado exemplar de uma vida cívica dedicada, destemida e despojada, sempre pautada pelos valores da liberdade, da igualdade e da fraternidade. Fecundamente paradoxal, o seu pensamento heróico e movente incita à criação transfiguradora do homem e do mundo", consideram os editores da presente publicação - "Vida Conversável", um livro de cerca de 400 páginas que resulta de uma longa entrevista entre o Professor e Henryk Siewierski, feita em meados dos anos 80 do século passado, em Lisboa.