Assim sim... olhe que não!
Freitas do Amaral (CDS), Sá Carneiro (PPD), Mário Soares (PS) e Álvaro Cunhal (PCP), o debate político civilizado nos primórdios da democracia.
As expressões linguísticas de maledicência põem em causa o ser e estar na política e ajudam a opinião pública a criar imagens mais negativas do que positivas. Uma espécie de “pata rapada, inculta e detestável”. Longe vão os tempos dos debates parlamentares com Mário Soares, Álvaro Cunhal, Sá Carneiro e Freitas do Amaral. “Olhe que não” de Cunhal e “só os burros não mudam” de Soares, davam para entender sem ofender. Passados 46 anos do debate político democrático em Portugal, a postura abocanhou, perdeu nível e deixou de merecer qualificação de ética.
Os políticos de hoje, não entendem que quanto mais baixo for o calibre mais alto é o tombo e derivados envolventes. Passos Coelho quando primeiro-ministro e líder do PSD, classificou publicamente Marcelo Rebelo de Sousa de “um catavento”; Assunção Cristas, quando líder do CDS/PP, acusou publicamente António Costa, primeiro-ministro e líder do PS, de “cobarde”, “mentiroso”, “chantagista”, “falta de carácter”; Acácio Barreiros, deputado, classificou a Assembleia da República de ”um ninho de lacraus”. Pior classificação não há.
São intervenções que deixam marcas provincianas e de desrespeito e medo. Um medo do medo é o pior sofrimento que o ser humano pode assumir, é admitir fraqueza e inferioridade, é ficar prisioneiro da doutrina “colonial” que advoga superioridade sem aferir princípios de igualdade. Atacar e maldizer antes de ser atacado. O deita abaixo está na ordem dia. É, ao mesmo tempo, o deixa andar, com ventos de esquerda e de direita, até o dia em que os eleitores digam não a tanta letargia enxovalhante e tomem consciência que a política “somos nós” e os votos “a nós pertencem”.l