À volta do mundo com Fernão de Magalhães
Há 500 anos, no dia 20 de Setembro de 1519, o navegador português Fernão de Magalhães partia de Espanha, na primeira "viagem de circum-navegação". Um feito memorável que ao longo dos séculos tem sido lembrado, com mais ou menos paixão e reconhecimento pelos valorosos navegadores que, parafraseando o poeta, "se vão da morte libertando".
Nada como o passar do tempo para se afirmar de grande importância para toda a humanidade uma empresa deste género. Mesmo que ainda subsistam algumas dúvidas ou falta de esclarecimento, nada poderá pôr em causa este feito tão celebrado tanto por portugueses, como pelos espanhóis, porque é sabido "o tempo tudo clarifica e não há estado de espírito que se mantenha inalterado com o passar das horas", Thomas Mann (1875-1955), escritor alemão.
Esta viagem de Fernão de Magalhães, realizada entre 1519 e 1522, fica ainda na História como pioneira da globalização e pretendeu também encontrar uma nova rota para o comércio de especiarias através do ocidente, sublinhou Alfredo Sánchez Monteseírin, o comissário espanhol que coordena o trabalho da comissão interministerial para as comemorações do V centenário.
Numa entrevista recente, este responsável atribuiu o mérito desse "feito" ao navegador português Fernão de Magalhães e ao marinheiro espanhol Juan Sebastian Elcano, embora cada um desempenhando um papel próprio para que a viagem se concretizasse. "Aqui houve um cúmulo de circunstâncias que contribuíram para a grandeza do feito.
Magalhães é um elemento principal, era quem tinha na cabeça a possibilidade - e não só o sonho e a vontade, mas também os dados científicos de um navegante bem formado - de que se poderia chegar às Molucas e ir buscar especiarias pelo lado contrário aquele por onde se ia normalmente", afirmou Alfredo Sánchez
Monteseírin. Por outro lado, houve também "outros interesses, sobretudo comerciais", da coroa espanhola "para que não fosse tão caro obter as especiarias pelos caminhos habituais, cheios de dificuldades e portagens, que encareciam tudo".
Além disso, considerou Monteseírin, esta viagem de "circum-navegação" foi "uma súmula de erros que permitiu a Volta ao Mundo". "O primeiro (erro) é que o lugar por onde se tinha que passar, a América, não era o que eles pensavam, era outro, e a dimensão do Pacífico não era a que tinham calculado"; outro "erro" foi, para fugir das zonas portuguesas, fazer uma viagem monstruosa".
E os marinheiros que ficaram a cargo da expedição após a morte de Fernão de Magalhães (1480-1521), num conflito com uma tribo nas actuais Filipinas, "decidem seguir por outro lado, porque dizem "para trás não vou porque não quero voltar a passar" as privações, com doenças e fome, que causaram a morte a muitos na travessia do Pacífico.
João Godim
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