O desemprego...
No seu "trabalho" incessante para sobreviver, o ser humano sempre teve de "lutar" e nunca saboreou o "descanso" eterno dos deuses. A um tempo provou o êxito e o fracasso; noutra altura experimentou a "indignação", foi vítima de injustiças, perseguido por causa do "vício" da "preguiça" ou "ociosidade".
O "trabalho" sempre foi a "palavra de ordem" a cumprir, custe o que custar, enquanto que o "descanso" ou "repouso" deveria ser mais comedido, quase dispensável... Mas, razão tinha Camões ao colocar na boca do "mordomo", uma das personagens da peça de teatro Auto de El-Rei Seleuco:
"Senhor, o descanso dizem lá que se há-de ter
enquanto o homem puder, porque os trabalhos, sem os chamarem, de seu se vêm
por seu pé, que seu nome é".
A par do "trabalho", existe o "desemprego"..., considerado "a mais velha profissão do mundo" e um "mal absoluto das sociedades contemporâneas".Parece contraditório, mas quando se defende o "trabalho" como a prática mais indicada para a realização pessoal do ser humano, o contributo mais importante para a "integração social", eis que o "desemprego" surge, surgiu desde sempre, como um terrível adversário, associado às "crises", à "pobreza dos povos", e que consome as inteligências e todos os esforços possíveis...
O "desemprego"... "Mas, como foi então que este fenómeno antigo surgiu, atravessando os séculos, com peso na vida política, económica e social do mundo actual e ocidental"? Esta questão dá que pensar e pode ser melhor entendida através do livro "Uma História do Desemprego - da Antiguidade aos nossos dias", de Yves Zoberman.
Qual a razão deste dilema entre "trabalho" e "desemprego"... ? Como alguém escreveu também a este respeito, o ser humano dificilmente se libertará deste fardo que é "viver a trabalhar ou morrer a lutar"... Enfim, são as condições humanas da "sobrevivência".
Todos por um posto de trabalho. Por estes dias, milhares de cidadãos das Honduras, Guatemala, El Salvador, Venezuela e de outros países da América Central estão em caminhada para os EUA onde esperam encontrar emprego. É o drama do desemprego a ditar situações drásticas e sem fim à vista. O México e os EUA já disseram que não recebem imigrantes à procura de emprego. Anteve-se um desfecho muito complexo.
João Godim
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