Durante muitos anos pensei que o terrorismo acontecia somente nos países em guerra, nomeadamente em África e na Ásia. Ingloriamente participei na chamada guerra de guerrilha em África contra um inimigo que sempre conheci por terrorista. Ali matava-se e morria-se com tiros, granadas e minas, entre outro material bélico. É um terror que não atende a clemências. Ser abatido na guerra é coisa normal!
Estou em Portugal, país civilizado numa Europa civilizada, e, nos últimos meses, sou confrontado com o uso e abuso do termo terrorista na comunicação social e por cidadãos que me parecem desconhecer o que é na essência e na prática o terrorismo. Como dizia Yoweri Nusevem, “num mundo sem rumo e louco tudo se confunde, até o terrorismo”.
Nos EUA, onde qualquer um pode comprar uma arma (o negócio de armamento representa mais de 81 mil milhões de dólares por ano) o seu uso é bem aceite, apesar das muitas mortes nas escolas serem cometidas por “meninos com armas”. No Portugal do séc.XXI confunde-se o terrorismo com actos de vandalismo, ameaças verbais e suposições básicas que nada têm a ver com terrorismo.
Terrorismo em Portugal não há, pelo menos até agora. Muito menos no futebol ou na Academia do Sporting. Há manifestações de desagrado, protestos, vexames, acções grosseiras, mas em momento algum assistiu-se a um “rebentar de bomba” ou a tiroteio com armas de fogo.
Falar em terrorismo sobre o momento actual do Sporting Clube de Portugal é desconhecer todo o efeito demolidor e de violência que um qualquer acto terrorista provoca, a começar por mortes e feridos. Mal estaria o terrorismo se não tivesse um efeito mais destruidor. O mundo era um paraíso!
No entanto, sublinhe-se, todo e qualquer acto gerador de violência merece sempre o nosso repúdio. O que se passou na Academia do Sporting é a todos os títulos condenável.
No Museu do Aljube (MA) terá lugar, na próxima quarta-feira (23 de maio) uma sessão de cinema sobre "MAIO DE 68". Recomenda-se.
MA - Resistência e Liberdade, rua de Augusto Rosa, 42 - Lisboa.