Estão em curso as comemorações do sexto centenário da descoberta ou "achamento" da Madeira e Porto Santo. Neste ano, 2018, o programa incide particularmente sobre a "Ilha Dourada", porque foi em 1418 que os portugueses se encontraram primeiro com as ilhas atlânticas e, no ano seguinte, chegaram à Madeira.
Foi o início das grandes Descobertas ou Descobrimentos, com a arquipélago madeirense a servir de plataforma e apoio indispensável à "epopeia", exaltada mais tarde por Luís de Camões, nos Lusíadas. Dessa época histórica, não se podem esquecer ou menosprezar os principais protagonistas, ao nível do comando marítimo e do governo, então colonial.
Para assinalar estas efemérides, as actuais entidades governativas da RAM prepararam um variado programa cultural, a par de "monumentos" e "esculturas", como as que marcaram as comemorações do V centenário, há um século precisamente.
Nessa altura, por exemplo, foi projectada a estátua de João Gonçalves Zarco, do escultor madeirense Francisco Franco, que viria a ser inaugurada em Maio de 1934, entre outras manifestações evocativas dos primeiros tempos.
Para os "600 anos", também estão previstas algumas esculturas. Consta que para o Porto Santo será destacada a figura do Infante D. Henrique, chamado "O Navegador", com toda a justiça. Mas, pergunta-se: em vez do Infante, não seria mais lógico dedicar um monumento a Bartolomeu Perestrelo, o primeiro governador do Porto Santo, "fidalgo e escudeiro de D. João", que acompanhou Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira na viagem que estes fizeram às ilhas?
Casa - Museu onde viveu o navegador Cristóvão Colombo, no Porto Santo.
Bartolomeu Perestrelo (descendente de mercadores italianos que chegaram a Portugal no século XIV), o primeiro "donatário", sendo-lhe ainda feita doação da ilha, na linha hereditária masculina, e que ali constitui família? Mais: do seu casamento com Isabel Moniz, regista a História, teve um filho com o mesmo nome (Bartolomeu Perestrelo) e uma filha, Filipa que casaria com Cristovão Colombo. Então, não seria mais justo homenagear Bartolomeu Perestrelo nestes 600 anos do Porto Santo?
Até porque, já existem monumentos ao Infante D. Henrique com muita notoriedade... Veja-se, por exemplo, na cidade do Funchal, a estátua do Infante, do escultor Leopoldo de Almeida, fora mandada erguer no ano 1941; e no Porto Santo o "Monumento aos Descobrimentos", inaugurado em 1960, em homenagem aos descobrimentos henriquinos, obra de António Aragão.