A liberdade não tem prazo nem fim!
Quando estamos na idade septuagenária temos implicitamente uma visão mais abrangente da vida. Vemos o passado com o olhar do presente, das etapas percorridas, das veracidades e dos absurdos, ao mesmo tempo que reconhecemos que em tudo e com tudo aprendemos, evoluímos e amadurecemos.
No passado sábado estivemos numa sessão que contou com a presença de ex-presos políticos em Caxias, Aljube e Peniche. Uma matéria que sempre nos causa estranheza e repúdio, mas também muita curiosidade. Em finais dos anos 70 estivemos com Mário Soares (na Madeira) e no início deste século (em Cabo Verde). O líder socialista lembrava questões que levaram pessoas a serem detidas pela PIDE, completamente estúpidas.
A liberdade não pode ser libertinagem, mas pode e deve ser contrariada sob pena de estarmos a criar seres com medo de expressar o seu pensamento. Todos têm o direito de ofender do mesmo modo que todos têm o direito de serem ofendidos. Concordar é um direito, como é o discordar. Não há que ter medo. A única exigência (…) é haver honestidade e transparência na posição que estamos a ter.
Dos depoimentos dos presos políticos, no passado sábado, as suas detenções roçaram o ridículo. Ler Jorge Amado, Miguel Torga, entre outros escritores, era “lesa pátria”? As justificações para prender alguém atingiam o impensável. A palavra política “significava” terror, ser do contra. “Está preso, ponto final”. Que pensam as gerações do Portugal em liberdade sobre estes irrazoáveis e mesquinhos limites? Acreditem, a liberdade não tem prazo nem fim!