D. Manuel II - amor aos livros e à cultura
A 6 de Maio de 1908, subia ao trono Manuel II, último rei português, para um reinado de pouco mais de dois anos. Foi o 35º rei da nossa monarquia, tendo sucedido ao seu pai D. Carlos I, após o regicídio que atingiu também o príncipe-herdeiro D. Luís Filipe, a 1 de Fevereiro de 1908.
D. Manuel II (1889-1932) nasceu no Palácio de Belém, em Lisboa, e morreu em Inglaterra, onde estava exilado, desde a implantação do regime republicano (em Outubro de 1910). Passou à História com o cognome de "Exilado", "Patriota" e "O Rei Saudade".
Não estava destinado a ser rei, mas a sua personalidade não passou despercebida junto do povo e dos poderes da altura, como um monarca "sossegado, estudioso e amante da música... A sua cultura e erudição, e o imenso amor pelos livros e por tudo o que era português são a marca inconfundível da sua actividade de bibliógrafo e investigador".
Quando morreu, no dia 2 de Julho de 1932, "sufocado por um edema da glote", o governo português, chefiado por Oliveira Salazar, autorizou a sua sepultura em Lisboa, um "funeral com honras de Estado", ficando sepultado no Panteão Real da Dinastia de Bragança, no Mosteiro de São Vicente de Fora.
Em 2009, a Confederação Internacional dos Acordeonistas (CIA) instituiu o dia 6 de Maio como o ‘Dia Mundial do Acordeão’ por ter sido o dia em que este versátil instrumento foi patenteado em Viena, por Cyril Demian, em 1829. O Acordeão é considerado o instrumento “mais popular do mundo”.
O Dia da Mãe é assinalado internacionalmente desde o início do século XX, com muitas iniciativas e homenagens. Em Portugal, e por tradição católica, a data era festejada no dia 8 de Dezembro, solenidade da Imaculada Conceição. Agora, em convergência global, este Dia celebra-se no primeiro domingo de Maio (este ano, dia 6 de Maio).
Com a presença da Mãe, ou na sua ausência, esta comemoração nunca esmorece e pode muito bem ser lembrada através de vários gestos, escritos e poemas, como no celebrado poema de Almada Negreiros (1893-1970):
MÃE
Vem ouvir a minha cabeça a contar histórias ricas que ainda não viajei.
Traze tinta encarnada para escrever estas coisas! Tinta cor de sangue, sangue! verdadeiro, encarnado!
Mãe! passa a tua mão pela minha cabeça!
Eu ainda não fiz viagens e a minha cabeça não se lembra senão de viagens!
Quando voltar é para subir os degraus da tua casa, um por um. Eu vou aprender de cor os degraus da nossa casa. Depois venho sentar-me a teu lado. Tu a coseres e eu a contar-te as minhas viagens, aquelas que eu viajei, tão parecidas com as que não viajei, escritas ambas com as mesmas palavras.
Mãe! ata as tuas mãos às minhas e dá um nó-cego muito apertado! Eu quero ser qualquer coisa da nossa casa. Como a mesa. Eu também quero ter um feitio, um feitio que sirva exactamente para a nossa casa, como a mesa.
Mãe! passa a tua mão pela minha cabeça!
Quando passas a tua mão pela minha cabeça é tudo tão verdade!
(Almada Negreiros, A Invenção do Dia Claro, 1921)