Ser cego não é viver nas trevas. Ver não é saber. Ler não é, por si só, amanho cultural. Estes tópicos conferem ao princípio de que nada é estático e de que tudo está a mudar. Há um jornalismo novo, o passado já lá vai, cada dia que passa é um novo desafio que temos pela frente. Portugal, com os seus mais de oito séculos e com as fronteiras mais antigas da Europa, entrou em 2017 com uma governante invisual.
Quem melhor que Ana Sofia Antunes para fazer ver aos que não são cegos que o mundo tem “vida para além do ver”. Ana Sofia é a primeira Secretária de Estado da Inclusão das Pessoas com Deficiência de Portugal. Poucas notícias sobre a obra que está a fazer na sociedade portuguesa. “Para muitos trabalhadores pobres, o trabalho não significa um salário decente, nem apenas condições de trabalho, nem uma protecção social adequada”, observa a governante.
É cega mas “vê” o que se passa no país e no mundo. “A pobreza infantil e juvenil é talvez o traço mais negro da degradação das condições sociais no nosso país”. Em Portugal, existem mais de 100 mil crianças e jovens até aos 17 anos, a viver abaixo do limiar de pobreza. Ana Sofia Antunes, 36 anos, nasceu e vive em Lisboa. Uma referência para quem acredita que o “mundo é para todos” e que ser invisual não é viver à margem.
João Godim
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