Este ano o horário de inverno em Portugal começa no dia 30 de outubro às 02h00, quando os ponteiros dos relógios devem ser atrasados uma hora, no Continente e na Madeira. Nos Açores, a mudança horária ocorre uma hora mais tarde.
Depois dos abalos, começaram as derrocadas. O Tejo recuou e depois as ondas alterosas tudo destruíram a montante do Terreiro do Paço e não só. Era o fim do mundo! Os incêndios lavraram por grande parte da cidade durante intermináveis dias. Foram dias de terror. As igrejas do Chiado e os conventos ficaram destruídas. A capital do império viu-se em ruínas, já para não falar de outras zonas do país (…). Na voragem do terramoto de 1755 desapareceram cinquenta e cinco palácios, mais de cinquenta conventos, a Biblioteca Real, vastíssima em livros e manuscritos e as livrarias (como sinónimo de bibliotecas) dos conventos de S. Francisco, Trindade e Boa Hora.
As chamas reduziram a cinzas milhares de livros em cinco casas de mercadores de livros franceses, espanhóis e italianos, e em vinte e cinco – contadas por Frei Cláudio da Conceição – lojas e casas de livreiros. Salvou-se o precioso arquivo da Torre dos Tombo, devido aos cuidados do seu guarda-mor Manuel da Maia (…).»
A destruição foi grande, com milhares de vítimas mortais, numa população citadina que contava na altura cerca de 300 mil habitantes. Para a História do nosso País e da Europa setecentista, então caracterizada pelos ideais iluministas, as memórias daquele tempo, no início do mês de Novembro, são deveras terríveis.
A hora volta a mudar na madrugada deste domingo. Os relógios (que não forem automáticos) devem, por isso, ser atrasados uma hora: quando baterem as 02:00, volta a ser 01:00 em Portugal Continental e na Madeira.
Nos Açores o processo é semelhante: quando forem 01:00, volta a ser 00:00.
Lembre-se que este regime de mudança da hora, regulado por uma diretiva de 2000, prevê que todos os anos os relógios sejam adiantados e atrasados uma hora no último domingo de março e no último domingo de outubro, marcando o início e o fim do horário de verão.
Este regime tem sido alvo de grande discussão e, apesar de ter sido feita uma proposta de alteração em 2018, ainda não foi desta.
A proposta foi avançada pela Comissão Europeia em 2018 e, em 2019, os eurodeputados votaram a favor do fim da mudança de hora, com a medida a entrar em vigor supostamente este ano.
Na base do projeto estiveram fatores como a poupança de energia; a saúde das populações; a segurança nas estradas e as melhorias no funcionamento do mercado único.
Para além disso, para a maioria dos europeus que responderam ao inquérito online da Comissão Europeia, a mudança de horário duas vezes por ano é negativa.
Já em 2018, o primeiro-ministro português, António Costa, avançou à TVI que “o melhor critério a ser utilizado é o da ciência”, defendendo que para País o melhor seria manter o regime até à data utilizado.
O primeiro-ministro baseou-se na recomendação do relatório realizado pelo Observatório Astronómico de Lisboa, também datado de 2018.
Cimeira do clima
Começa neste fim-de-semana, em Glasgow, na Escócia, a 26ª Conferência das Nações Unidas para as Alterações Climáticas (entre 31 de Outubro e 12 de Novembro). O principal objectivo é "limitar o aumento da temperatura a 1,5 grau Celsius" porque "os dados científicos indicam que teremos que produzir menos carbono do que tiramos da atmosfera, o que é conhecido como "zero líquido", ou seja, torna-se urgente “reduzir as emissões de gases com efeito de estufa” e abandonar a produção de energia a partir de combustíveis fósseis”, até à segunda metade deste século.
Esta conferência ou cimeira intergovernamental promovida pelas Nações Unidas destaca-se entre as maiores reuniões mundiais, apesar das “complexas negociações” que envolve e da lenta realização das decisões tomadas. Por exemplo, o “Acordo de Paris”, ocorrido em 2015, na capital francesa, com a assinatura de quase 200 países, “comprometeu-se a reduzir as emissões de carbono para limitar o aquecimento global a menos de 2 graus Celsius, com a esperança de restringi-lo a 1,5 grau acima dos níveis pré-industriais”, mas as preocupações a este nível ainda não terminaram… Para alcançar os objectivos, os “países desenvolvidos terão de angariar pelo menos 100.000 milhões de dólares em financiamento climático todos os anos.
Só através do multilateralismo entre governos, empresas e sociedade civil é que os objetivos climáticos podem ser atingidos mais rapidamente.” Mas, a verdade é que ainda há muito que fazer e nada garante que será desta vez que se avançará muito quanto à resolução do problema. "Não estou ainda muito optimista, mas não quer dizer que as coisas não venham a correr melhor até lá", disse o ministro português do Ambiente Pedro Matos Fernandes. Aliás, há muito tempo que as questões climáticas fazem parte dos programas oficiais e são tidas como prioridades por centenas de países; basta recordar, por exemplo, o que disse o “relatório Stern sobre alterações climáticas”, a 30 de Outubro de 2006, encomendado pelo governo britânico, em que se demonstrava que “Portugal, Espanha e França estão entre os países europeus mais afectados pelo aquecimento global”… Nada de novo, portanto, a não ser os esforços que se promovem em cada ano e que, mais tarde ou mais cedo, darão os seus frutos…
Biden no Vaticano
O Papa Francisco recebe esta sexta-feira, 29 de Outubro, o presidente dos Estados Unidos da América, Joe Biden, aproveitando a viagem que o líder dos EUA faz por estes dias a Roma para participar na Cimeira de Líderes do G20.
A audiência, que decorre no Palácio Apostólico do Vaticano, visa partilhar um “trabalho conjunto” e “esforços baseados no respeito à dignidade humana fundamental, incluindo o fim da pandemia de Covid-19, a crise climática e o cuidado dos pobres”.
Esta é a terceira vez que Biden se encontra com o Papa. Em Janeiro deste ano, Francisco enviou uma mensagem para a tomada de posse do chefe de Estado norte-americano, pedindo atenção aos pobres e aos que “não têm voz” na sociedade. “Num tempo em que graves crises enfrentadas pela nossa família humana pedem respostas unidas e de longo alcance, rezo para as que suas decisões sejam guiadas por uma preocupação pela construção de uma sociedade marcada pela autêntica justiça e liberdade, ao lado do incansável respeito pelos direitos e dignidade de cada pessoa, especialmente dos pobres, dos vulneráveis e daqueles que não tem voz”, salientou o chefe da Igreja Católica naquela mensagem.
Livros mais caros
O setor do livro é um dos que deverá ser atingido pelas dinâmicas recentes que estão a afetar a distribuição da energia, mas, sobretudo, o dos transportes de mercadorias, uma vez que, no primeiro caso, se verifica um encarecimento dos custos e, no segundo, um congestionamento que, caso não seja ultrapassado rapidamente, poderá significar um problema para o setor editorial.
Ouvida pelo Público, a Apigraf – Associação Portuguesa das Indústrias Gráficas e Transformadoras do Papel, diz estar convencida que esta conjuntura levará ao aumento dos produtos que incluem papel, cartão ou cartolina na sua composição. Para além destes, José Manuel Lopes de Castro, diretor da associação, também aponta que, para além da energia, todas as matérias-primas usadas pelas gráficas estão a subir, desde chapas, tintas ou vernizes, pelo que será inevitável ter que se chegar a um “entendimento com os clientes” para que estes suportem a sua parte na subida dos preços.
Apesar de grupos como a Leya ou a Porto Editora garantirem que os stocks para o Natal já estarem definidos — os dois grupos compram diretamente o papel que utilizam e armazenam reservas suficientes para cumprir com os programas editoriais traçados —, Lopes de Castro não tem dúvidas que o problema “já é sério“, a começar pelos abastecimentos, os quais costumavam ser céleres e cujos prazos de entrega se situam atualmente em “meses“.
A “taxa energética” aplicada pelas empresas de produção do papel é outro aspeto que preocupa a Apigraf e que a associação está atualmente a discutir com os seus parceiros europeus. “As papelarias estão a impor no mercado uma taxa que pode andar pelos 100 ou 200 euros por tonelada, o que é significativo.” Tal como lembra o Público, o facto de esta taxa “variar de papeleira para papeleira” complica ainda mais uma indústria obrigada a prever e gerir com rigor os seus orçamentos. In Zap
Mais utopia, menos realidade
Pessoas centenárias
O Japão é considerado o país com mais pessoas centenárias em todo o mundo. Segundo dados oficias, divulgados no passado mês de Setembro, são 86.510 pessoas com idade igual ou superior a 100 anos, e representam um aumento de 6.060 pessoas em relação ao ano de 2021. As mulheres continuam a ser a esmagadora maioria das pessoas centenárias, representando 88% do total (76.450 pessoas). O número de pessoas centenárias no Japão tem crescido de forma significativa nas últimas cinco décadas, um aumento que especialistas atribuem ao desenvolvimento de tecnologias e tratamentos médicos.
A japonesa Kane Tanaka, com 118 anos, é hoje a mulher mais velha do país, tendo sido reconhecida como a pessoa mais velha do mundo pela associação norte-americana Gerontology Research Group (GRG). Por sua vez, o homem mais velho do Japão é Mikizo Ueda, com 111 anos.
Os enganos da pintura
A aristocrata alemã Ana de Cleves foi a quarta das seis esposas de Henrique VIII, casando-se com o rei inglês a 6 de janeiro de 1540. Depois de mais um divórcio, e de estar dois anos sem esposa, Henrique VII foi empurrado para um novo casamento – desta vez um enlace eminentemente político já que serviria para o aliar ao Duque de Cleves, um dos Estados do Sacro Império Romano. A escolha da sua nova cônjuge foi feita através de um retrato. Puseram-lhe à frente as imagens das duas filhas solteiras do duque, Ana e Amélia, e depois de as observar atentamente, o rei optou por Ana, que lhe parecia mais bonita.
Contudo, a escolha não passaria de um tremendo engano. Quando desembarcou em Londres, no dia 1 de janeiro de 1540, Ana de Cleves não se mostrou a noiva que o rei desejava – para a História ficou conhecida como “The Ugly Queen” (“A rainha feia”, em português). Henrique sentiu-se enganado e explodiu de fúria. Quis recusar o enlace, mas as negociações estavam já muito adiantadas.
Moyle acredita que Holbein estava a tentar mostrar Ana de Cleves como ela realmente era na vida real, no que diz respeito ao seu humor, personalidade e aparência física – algumas caraterísticas que o artista acreditava que pudessem não agradar ao rei. Relata ZAP que o contentamento do rei foi sol de pouca dura. Segundo vários relatos, logo que que a conheceu, Henrique ficou profundamente desapontado.
Os seus representantes ainda advertiram Henrique de que Ana não falava inglês, não dançava e não tinha senso de humor, mas o rei optou por ignorar os avisos, assim como aparentemente ignorou as pistas que Holbein deixou na sua pintura. Depois de conhecer Ana, o rei repreendeu os seus representantes por lhe trazerem uma “égua de Flandres”, recorda o Ancient Origins. O casamento chegou ao fim depois de poucos meses. Para grande alívio de Henrique VIII, Ana de Cleves cooperou totalmente com o processo. Ana ficou conhecida por visitar a corte do rei frequentemente, e as suas relações com Henrique VIII também se tornaram bastante amigáveis. Henrique VIII ficou conhecido por sendo um dos reis mais mulherengos da História: teve seis esposas e inúmeras amantes. Morreu em 1547, sendo sucedido por Isabel I.
Festival Literário em Penafiel
O escrtor cabo-verdiano Germano Almeida, Prémio Camões em 2018, será o autor homenageado do 14.º Festival Literário Escritaria, em Penafiel, no distrito de Porto, que começa hoje e se prolonga até dia 31.
Em Penafiel, Germano Almeida vai apresentar o seu novo romance, intitulado "A Confissão e a Culpa", o último volume da sua Trilogia do Mindelo. "Germano Almeida, um dos mais proeminentes escritores em língua portuguesa, terá silhueta e frase em Penafiel para memória futura, a par com os anteriores homenageados", assinalou o evento.
A edição deste ano do festival vai contar com a participação do ministro da Cultura de Cabo Verde, Abraão Vicente, associando-se à homenagem a Germano Almeida. O festival literário Escritaria de Penafiel contará ainda com dezenas de actividades dedicadas ao livro, ao teatro, a exposições, música e arte de rua. A organização, que é liderada pela câmara municipal, recorda que "a cidade de Penafiel voltará a estar 'contaminada' com literatura em todos os cantos e recantos e de variadas formas".
"Além da transformação habitual da cidade em torno do escritor homenageado e da sua obra, com alusões nas montras, exposições, arte de rua, teatro, música, apresentação de livros, a Escritaria contará ainda com algumas surpresas em torno da obra de Germano Almeida e da lusofonia", acrescenta a organização.
Os dias contados
Originalmente publicado em 2014, na revista "Granta", "A Quem Deixas o Teu Oiro" surge no final deste novo livro, numa homenagem à avó Helena do poeta, que foi uma das fontes do "Novo Romanceiro do Arquipélago da Madeira", numa edição de Pere Ferré e Sandra Boto. O autor, sacerdote católico, atual responsável máximo pela Biblioteca Apostólica e pelo Arquivo do Vaticano, dedica "Introdução à Pintura Rupestre" a sua mãe.
O percurso na Igreja Católica parece surgir em paralelo com os passos na poesia. José Tolentino Mendonça editou o primeiro livro de poemas, "Os Dias Contados", no ano em que foi ordenado sacerdote, em 1990.
"Baía do Lobito" é o poema que abre este novo livro, que fala da chegada dos barcos com o pescado e as mulheres indo ao seu encontro, "num alvoroço de cestas, caixas e panos/ como se festejassem o ouro/ e não aquele cortejo/ de pescadores/ que lança sobre a praia/ o peixe para ser trocado com destreza", escreve o poeta.
Este é o primeiro poema da obra, com memórias da infância, como Tolentimo Mendonça afirma: "As manhãs da minha infância decorreram aí", no areal, na restinga da cidade angolana do Lobito. "A história muda muitas vezes de direção e tem outros finais", escreve no final de "A Quem Deixas o Teu Oiro".
José Tolentino Mendonça, a completar 56 anos em dezembro próximo, foi elevado a cardeal pelo papa Francisco em 2019. Nascido no Machico, na Ilha da Madeira, Tolentimo Mendonça tem publicados cerca de 45 títulos, maioritariamente de poesia, mas também ensaio, teatro e teologia. José Tolentino Mendonça recebeu vários prémios, designadamente Cidade de Lisboa de Poesia (1998), P.E.N. Clube Português/Ensaio (2005), o Prémio Literário da Fundação Inês de Castro (2009), Res Magnae (2015), o Grande Prémio de Crónica da Associção Portuguesa de Escritores (2016) e o Grande Prémio de Poesia Teixeira de Pascoaes (2016), assim como os prémios Capri-San Michele (2017), "Uma vida por... paixão!" do jornal italiano Avvenire (2018), Cassidorio il Grande (2020) e, já este ano, o Prémio Universidade de Coimbra.
Em 2020 foi distinguido com o Prémio Europeu Helena Vaz da Silva. O sacerdote e escritor foi também agraciado pelo Estado Português com duas comendas, da ordem do Infante, em 2001, e da de Sant'Iago da Espada, em 2015. A Região Autónoma da Madeira atribuiu-lhe, em 2019, a Medalha de Mérito da Madeira.
Massacres da história portuguesa
Cerca de 10 anos antes do auge das “guerras coloniais” portuguesas em África, houve atentados e massacres que não se podem esquecer, seja em nome do que for, para se encobrir um episódio de “traição à Pátria” ou para se esconder a “malvadez” de uma ditadura que resistiu às mudanças democráticas realizadas após a II Grande Guerra, a partir de 1945. Um desses episódios tristemente célebre, que ainda hoje envergonha Portugal, ficou na História como “guerra da Trindade” ou “massacre de Batepá”, em São Tomé e Príncipe, na sequência de uma revolta da população nativa que trabalhava nas famosas “roças”.
O acontecimento de “extrema violência” remonta ao ano de1953, ao dia 3 de Fevereiro (hoje considerado feriado nacional em São Tomé e Príncipe), causou centenas de vítimas, entre mortos e feridos, com “corpos enterrados em valas comuns ou deitados ao mar.”
A ordem para sufocar o protesto foi dada pelo então governador-geral, Carlos Gorgulho, que “pretendia forçar a população nativa ao trabalho nas roças de cacau e café e nas obras públicas. Sendo que no arquipélago havia, de forma crónica, grande falta de mão de obra, os serviçais eram, na sua maioria, indígenas angolanos e cabo-verdianos. Nas roças, o trabalho não era pago ou os ordenados eram de miséria. A violência à base de chicotadas era constante e a tentativa de trabalho forçado entre os nativos levou a que, nos inícios de 1953, a população se revoltasse. Foram repelidos com granadas e metralhadoras. Os indígenas fogem para as roças e os nativos para a mata”, mas foram vítimas da chamada “caça ao preto”, com “resultados brutais”, nomeadamente “execuções sumárias, casas incendiadas, mulheres violadas” e homens levados para as cadeias onde foram “torturados, alguns mortos e quase todos levados para campos de trabalhos forçados.”
Como justificação para o “massacre”, o governador explicou que a “revolta dos nativos tinha por base uma conspiração internacional comunista”. O regime tentou silenciar esta “operação de limpeza”, mas o advogado da oposição Manuel João da Palma Carlos denunciou o caso e a defesa dos presos de Batepá… Carlos Gorgulho, chamado a Lisboa por Oliveira Salazar, pediu a “exoneração do cargo”, e um anos depois, em Fevereiro de 1954, recebeu “um louvor pela forma como conteve a revolta e, por outros motivos, a Grã-Cruz da Ordem Militar de Avis em 1956.”
Gogh por 25 milhões
A famosa pintura “Meules de blé” (“Fardos de Trigo”)
Uma pintura de Vincent van Gogh vai ser leiloada no próximo mês, depois de mais de um século sem ser vista em público. Estima-se que o preço de venda chegue aos 25 milhões de euros. O quadro foi pintado em 1888, numa altura em que a saúde do pintor se deteriorou. Na época, Van Gogh mudou-se para Arles, no interior de França, onde ficou encantado com o estilo de vida rural que o rodeava e, como tal, pintou vários quadros relacionados com o campo e com as colheitas.
“Meules de blé” (“Fardos de Trigo”), mostra grandes pilhas de trigo acabadas de colher pelas trabalhadoras, também elas representadas na pintura, num cenário bucólico e colorido , escreve a CNN. A história da pintura que nasceu em Arles, em contraste com a tranquilidade que transparece, veio a tornar-se longa e atribulada, refere a casa de leilões Christie’s. A Christie’s refere ainda que houve um “acordo de resolução” entre as partes, que permite que o quadro esteja agora para licitação.
A escritora moçambicana Paulina Chiziane é a vencedora do Prémio Camões 2021, numa escolha feita por unanimidade. "No seguimento da reunião do júri da 33.ª edição do Prémio Camões, que decorreu no dia 20 de outubro, a ministra da Cultura anuncia que o Prémio Camões 2021 foi atribuído à escritora moçambicana Paulina Chiziane", lê-se numa nota informativa.
Pioneiro da “origem das espécies”
Um microscópio que Charles Darwin ofereceu ao filho Leonard – e que esteve nas mãos da sua família ao longo de quase 200 anos – vai ser leiloado em dezembro e poderá valer cerca de 415 mil euros. O instrumento foi projetado por Charles Gould para a empresa Cary por volta de 1825 e é um dos seis microscópios sobreviventes associados ao naturalista britânico, de acordo com a casa de leilões Christie’s. Segundo a Reuters, a data da sua criação coincide com a época em que Darwin estudava zoófitos – organismos como corais e anémonas do mar.
“É incrivelmente arrepiante olhar através disto e ver o mundo microscópico que Darwin terá visto nas décadas de 1820 e 30″, referiu à Reuters James Hyslop, diretor do Departamento de Instrumentos Científicos, Globos e História Natural da Christie’s. “Mais tarde na sua vida, em 1858, há uma carta maravilhosa que ele escreve ao seu filho mais velho que diz que o jovem Lenny estava a dissecar no seu microscópio e ele disse ‘Oh papá, eu devia estar tão contente com isto a minha vida toda’. É maravilhoso ter aquela ligação familiar de Charles Darwin pouco antes de ele se tornar internacionalmente famoso”, refere Hyslop.
Darwin publicou a sua obra pioneira “A Origem das Espécies”, em 1859, eleito, em 2015, o livro académico mais influente de sempre. “Charles Darwin é um dos maiores nomes da história da ciência, e os colecionadores de Darwiniana são muitos”, destaca Hyslop. O microscópio será proposto no leilão da Christie’s Valuable Books & Manuscripts, no dia 15 de dezembro, e tem um preço estimado entre as 250 mil e as 350 mil libras (entre 296 a 415 mil euros).
Há cem anos, no dia 19 de Outubro de 1921, a I República portuguesa sofreu um dos episódios mais trágicos da sua periclitante história, que ficou conhecido como a “noite sangrenta em Lisboa” e em que foi fuzilado o então chefe do Governo, António Granjo, entre outras personalidades. Tudo começou com uma “revolta militar” comandada pelo coronel Manuel Maria Coelho, “antigo revolucionário do Movimento Republicano de 31 de Janeiro de 1891”.
Nesses dias, António Granjo apresentara a demissão do executivo ao Presidente da República, António José de Almeida, mas o seu pedido não foi aceite; e enquanto não se nomeava um novo governo, aproveitando-se do “impasse” suscitado, na noite de 19 para 20 de Outubro de 1921 “um grupo de civis e militares, liderado pelo cabo marinheiro Abel Olímpio, conhecido por ‘O Dente de Ouro’, conduziu os acontecimentos da designada Noite Sangrenta” através das ruas de Lisboa com uma “camioneta-fantasma”, à procura de “figuras do regime republicano, que, forçadas a entrar no veículo”, eram depois executadas. Além do Primeiro-Ministro, António Granjo, foram também assassinados outros protagonistas da Revolução de 5 de Outubro de 1910, como Machado Santos e Carlos da Maia.
Os hábitos da rainha
A Rainha Isabel II foi aconselhada pelos médicos a abdicar do seu habitual martini de fim de dia. Com 95 anos, a rainha Isabel II tem tido uma semana com uma agenda bastante preenchida e tem aparecido em diversos atos públicos. Este ritmo deverá manter-se até ao final do ano. Neste sentido, os médicos da monarca aconselharam-na a deixar de beber o habitual martini de final de dia. A notícia, avançada pela Vanity Fair, refere ainda que este era o cocktail preferido da monarca.
As poucas ocasiões em que a rainha é vista a beber em público são brindes em eventos oficiais. No entanto, segundo o jornal britânico Daily Mail, o dry martini é a sua bebida alcoólica de eleição, sobretudo se tomada antes do jantar. Por outro lado, a última vez que Isabel II tinha sido vista com uma bengala foi há quase duas décadas e na sequência de uma cirurgia ao joelho. No próximo ano, o foco da Rainha estará nas celebrações do Jubileu de Platina, que vão englobar quatro dias com grandes eventos, incluindo o Trooping the Color, um serviço de Ação de Graças e o destaque das celebrações: um desfile com 5.000 artistas no “The Mall”, em Londres.
De acordo com a Vanity Fair, haverá ainda um espetáculo ao vivo no Palácio de Buckingham, denominado Platinum Party at the Palace. A rainha irá completar 96 anos na altura das comemorações e deverá viajar pelo Reino Unido para comemorar a ocasião, enquanto os restantes membros da família irão fazer uma viagem em torno dos países da Commonwealth.
Cristovão Colombo no Porto Santo
A descoberta ou "achamento" da Madeira e Porto Santo. dá-se em 1418, quando os portugueses encontraram o Porto Santo e, no ano seguinte, chegaram à Madeira. Estava assim traçado o início das grandes Descobertas ou Descobrimentos, com a arquipélago madeirense a servir de plataforma e apoio indispensável à "epopeia", exaltada mais tarde por Luís de Camões, nos Lusíadas. Dessa época histórica, não se podem esquecer ou menosprezar os principais protagonistas, ao nível do comando marítimo e do governo, então colonial.
Para assinalar estas efemérides, as entidades governativas da RAM promoveram um variado programa cultural, a par de "monumentos" e "esculturas", como as que marcaram as comemorações do V centenário, há um século precisamente. Nessa altura, por exemplo, foi projectada a estátua de João Gonçalves Zarco, do escultor madeirense Francisco Franco, que viria a ser inaugurada em Maio de 1934, entre outras manifestações evocativas dos primeiros tempos. Para os "600 anos", consta que para o Porto Santo será destacada a figura do Infante D. Henrique, chamado "O Navegador", com toda a justiça. Mas, pergunta-se: em vez do Infante, não seria mais lógico dedicar um monumento a Bartolomeu Perestrelo, o primeiro governador do Porto Santo, "fidalgo e escudeiro de D. João", que acompanhou Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira na viagem que estes fizeram às ilhas.
A descoberta do Arquipélago da Madeira foi feita pelos navegadores genoveses (italianos) em 1335, passados 83 anos (1418) os navegadores portugueses encontram a ilha do Porto Santo; em 1428, dá-se início ao povoamento das lhas.
Bartolomeu Perestrelo (descendente de mercadores italianos que chegaram a Portugal no século XIV), o primeiro "donatário", sendo-lhe ainda feita doação da ilha, na linha hereditária masculina, e que ali constitui família? Mais: do seu casamento com Isabel Moniz, regista a História, teve um filho com o mesmo nome (Bartolomeu Perestrelo) e uma filha, Filipa que casaria com Cristovão Colombo.
Excesso de alimentação
Os portugueses consumiram, em média, duas vezes mais calorias do que o recomendando para um adulto entre 2016 e 2020, ano em que a pandemia provocou uma redução do consumo de alimentos diário, mas ainda excessivo.
Assinalou-se ontem, 16 de Outubro, o Dia Mundial da Alimentação, uma data celebrada pelas Nações Unidas desde 1981 e este ano com o tema: “As nossas acções são o nosso futuro. Melhor produção, melhor nutrição, melhor ambiente e melhor qualidade de vida”. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, assinalou esta efeméride através de uma mensagem publicada no sítio oficial da Presidência da República na Internet, em que começa por “enaltecer o trabalho de todos quantos contribuem para que os portugueses possam ter acesso a bens alimentares de qualidade e a uma alimentação saudável e nutricionalmente equilibrada”.
Marcelo Rebelo de Sousa dirigiu-se aos “agricultores, pescadores, profissionais do ramo agropecuário e alimentar e profissionais de saúde” este elogio, “não esquecendo o caminho a fazer para combater as desigualdades ainda existentes nos dias de hoje, para que se consiga atingir o objetivo de erradicar a fome, por todo o mundo, mas também em Portugal”.
Nesta mensagem, o Presidente da República sublinha ainda “a importância da dieta mediterrânica, reconhecida como património cultural e imaterial da humanidade pela UNESCO” e considera que, “por ser um modelo de consumo alimentar diversificado e sustentável, pode contribuir para esses objetivos, nomeadamente num cenário ainda tão incerto de alterações climáticas que nos podem trazer dificuldades acrescidas”.
De acordo com um relatório da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) divulgado em Setembro, entre 83 milhões a 132 milhões de pessoas foram empurradas para a fome crónica em 2020. Segundo a FAO, a pandemia de covid-19 tornou mais difícil alcançar os objectivos da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas.
"Seara Nova" a bem da nação
Foi há 100 anos, no dia 15 de Outubro de 1921, que se publicou o primeiro número da “Seara Nova”, uma revista de “doutrina e crítica”, com fins “pedagógicos e políticos”, em que a literatura tinha espaço primordial como acção cívica e militante. Os seus fundadores – Aquilino Ribeiro, Jaime Cortesão, Raúl Proença Câmara Reys, e Augusto Casimiro, já tinham provas dadas neste campo de intervenção social. Na primeira revista afirmava-se que: “Serão poetas militantes, críticos militantes, economistas e pedagogos militantes”. Um dos seus objectivos era reduzir o afastamento dos grupos tidos como elitistas das classes e realidades sociais.
Face à turbulência política em que o País mergulhara, na sequência da implantação da República (1910), da I Grande Guerra (1914-1918), do sobe e desce de governos efémeros, das greves, assassinatos e conspirações, havia que traçar um rumo mais sustentável e credível. Neste contexto, intelectuais respeitados assumiram uma tarefa pela reforma das mentalidades, a bem de toda a “Nação Portuguesa”.
Ameaças militares
António Sérgio (1883-1969), o filósofo-ensaísta, destacava-se entre o grupo fundador, com profecias e previsões sobre o que aconteceria naqueles anos 20 se não houvesse discernimento e opções concretas perante as ameaças militares que se avizinhavam e que culminariam com o golpe militar do “28 de Maio de 1926”, com todas as características de ditadura… O esforço pedido a cada colaborador da “Seara Nova” era imenso, a que se associavam dificuldades financeiras para manter a publicação quinzenal… Mais tarde, mesmo com os seus criadores dispersos, exilados ou presos, a “Seara Nova” continuou o seu trabalho, nunca deixou de perseguir o seu ideário original, com críticas ao regime censório de Salazar e Caetano; publicou-se regularmente até 1979 e a partir deste ano apenas uma vez por ano, para não perder o título.
O sentido crítico
Para assinalar este centenário, têm-se realizado diversas iniciativas, desde exposições, colóquios, conferências, debates. É caso para dizer que, um século depois, permanece o desafio, o convite dos “seareiros”, para que a mentalidade pública portuguesa se interesse mais pelas transformações e mudanças de que o País necessita, mesmo no meio das “turbulências” ou crises, há que seguir em frente, mas sem deixar de pensar, discernir, e exercer o sentido crítico. Como se lia há pouco numa pintura/graffit, na parede de um prédio citadino: “ As estrelas estão nos olhos de quem as vê”.