A monumentalidade criminosa e inimaginável atribuída a José Sócrates, ex-primeiro ministro, figurará para sempre na história de Portugal. Práticas correntes em países do terceiro mundo foram usadas num país europeu, com mais de 800 anos de existência, e com a conivência de quem menos seria de esperar: juristas, escritores, jornalistas, banqueiros, políticos...
No jornal CM (edição de 15.10.2017), Eduardo Cintra Torres estampa texto e caras com a frontalidade que se lhe reconhece. O que na gíria se diz “agarrar o touro pelos cornos”. Sem rodeios e com todas as letras: “A acusação (a Sócrates) mostra a captura do Estado, governo e empresas por um bando mafioso de colarinho branco”; “Andaram anos coçando-se em silêncio sobre o caso para que não viesse ao espaço público o dito comum `mas vocês também andaram a mamar´.”
A liberdade de expressão aqui nem precisa de recurso. Escreve sobre factos. “Os cúmplices estão também entre jornalistas”, cúmplice que entre outros significados quer dizer conivente, facilitar a realização de um crime. Se cabe ou não no “bando mafioso” é outra questão. Conhecedor dos bastidores do jornalismo, Eduardo Cintra Torres vai mais longe. “O `sistema´ é resiliente e continua a controlar parte dos media nacionais”.
Há muito que sabemos que a Comunicação Social passou a ser uma panela ao serviço dos poderes político-económico. São sempre os mesmos a aparecer nos jornais e nas televisões. A imagem que os media dão do país é a que os poderes querem que seja dada. À boa maneira dos mandingas ao serviço do “chefe de tabanca”: prestar vassalagem. .