A História da Madeira e Porto Santo ainda tem muito que contar..., apesar de se estar a preparar o VI centenário da chegada dos portugueses ao arquipélago, que ficou conhecido como "terras do Senhor Infante (D. Henrique)", no século XV.
Este território insular há muito que tinha sido demandado por outros povos, navegadores e aventureiros, mas foram os portugueses que, de facto, fizeram o povoamento, a partir de 1418 e 1419..., com os líderes Gonçalves Zarco, Tristão Teixeira e Bartolomeu Perestrelo. Estas datas estão registadas oficialmente e têm sido alvo de profundas investigações competentes, mas não isentas de controvérsia.
No tocante a estudos de madeirenses sobre esta matéria, destacam-se os nomes do cónego da Sé do Funchal Jerónimo Dias Leite ((c. 1540 – c. 1598); do visconde do Porto da Cruz (1890-1962), do padre Eduardo Pereira (1887-1976); e do padre Manuel Juvenal Pita Ferreira (1912-1963). Autores de reconhecida obra, cada um defendeu a sua "dama" e criticou o que colocava em causa uma certa historiografia, através de posições mais afoitas ou inovadores.
Destaca-se, em relação a esta última posição, o padre Pita Ferreira (faleceu precocemente aos 51 anos de idade, na paróquia de São Gonçalo, de que era responsável pastoral), que não hesitou em confrontar os escritos dos mais antigos e produziu obra convincente, de qualidade, em artigos publicados em revistas da especialidades e livros notáveis, como "Arquipélago da Madeira, terra do senhor infante: de 1420-1460 (1959); "O Infante D. Henrique e a Descoberta e Povoamento da Ilha da Madeira" (1960); Das Artes e da História da Madeira (1960); "Achegas para a história do Arquipélago" (1962); "A Sé do Funchal" (1963); e outras obras de carácter mais pastoral e de religiosidade popular.
A sua memória e trabalho de investigador dotado, ainda hoje são motivo de interesse, como prova o ciclo de conferências promovido pelo Museu de Arte Sacra do Funchal, desde finais de 2017, e que agora chegou ao fim, com uma palestra do professor Nelson Veríssimo, intitulada "O contributo do padre Pita Ferreira para a historiografia madeirense".
Além disso, continua patente ao público no Museu de Arte Sacra do Funchal, até 31 de Março, a exposição “500 anos da dedicação da Sé do Funchal. Fé, Arte e Património. Um olhar sobre a obra do padre Pita Ferreira”.