Faz, hoje, dezasseis anos, que faleceu o mais jovem deputado da antiga Assembleia Nacional (AN). Eleutério Gomes de Aguiar (1940-2002), professor e jornalista, bolseiro do Instituto da Alta Cultura, Conselheiro Nacional de Reabilitação, Director do Instituto de Surdos da Madeira (ISM). Pela obra inovadora criada no ISM foi distinguido pela Comunidade Europeia.
Integrou a Ala Liberal na AN, nas X e XI Legislaturas, pelo círculo do Funchal, ao lado de Sá Carneiro, Pinto Balsemão, Magalhães Mota, Miller Guerra, Mota Amaral, entre outros “insignes políticos do período da transição para a democracia em Portugal”.
Eleutério de Aguiar. (Na foto seguinte) - Seus colegas na Ala LIberal da Assembleia Nacional (AN): Magalhães Mota, Sá Carneiro e Pinto Balsemão.
Com a mudança de regime (1974) optou pela saída da política activa, sem deixar de colaborar com organismos empenhados na democracia. Declinou o convite de Sá Carneiro (seu colega na Ala Liberal) para ficar à frente do PPD/PSD, na Madeira, ao contrário de Mota Amaral que aceitou para os Açores. O Prof.º Eleutério de Aguiar era um dos benjamins do Prof.º Marcelo Caetano, tendo o seu nome sido ventilado para ministro da educação.
Um facto curiosíssimo foi ter sido eleito, por aclamação, presidente do Colégio Eleitoral dos Árbitros de Futebol Portugueses, logo após a Revolução do 25 de Abril, cujas funções cessaram com a integração da Arbitragem na Federação Portuguesa de Futebol.
Eleito numa Assembleia, em Lisboa, maioritariamente participada por comunistas e socialistas de esquerda, quando todos sabiam que o Prof. Eleutério de Aguiar acabava de sair de deputado da Assembleia Nacional. Manteve a sua fidelidade de princípios e a sua eleição de deputado da "Ala Liberal" não obstou a que a esquerda revolucionária lhe desse o seu voto para o alto cargo na arbitragem do futebol. Estava na política para servir e não para se sevir.
Por mais de uma vez, foi convidado para regressar à política activa mas sempre declinou. Foi sua a iniciativa de sugerir a Sá Carneiro o convite à Alberto João Jardim, cujo percurso político e de presidente do Governo da Madeira é conhecido.
Até o seu falecimento (aos 62 anos), Eleutério de Aguiar dedicou-se ao ensino e ao jornalismo, tendo ainda dado a sua coloboração em diversos organismos sociais, desportivos e filantrópicos.