A culpa vem sempre do exterior
Chega às livrarias, no próximo dia 13, o livro "Tempo de Escolha", da autoria de António Barreto, sociólogo, antigo ministro da Agricultura (logo a seguir ao 25 de Abril de 1974) e dirigente político. O livro reúne artigos publicados pelo autor, de 2015 a 2017, num jornal diário, e entrevistas realizadas também nos últimos anos.
"A desculpa externa, o bode expiatório externo, a culpa que vem do exterior sempre funcionou em Portugal. Inimigos, riscos e perigos vêm sempre de fora. O que corre mal, para quem está no poder, vem de fora. Comunistas, terroristas, colonizadores, imperialistas, exploradores, extorsão financeira, exploração, ágio e ideias subversivas: vêm todos do exterior", observa o escritor.
António Barreto sublinha que "em última linha, com excepção da agressão pura e simples, é a de que a culpa vem sempre de nós, das nossas falhas, das nossas insuficiências, dos nossos erros e das nossas dívidas. E a dificuldade em encontrar quem reconheça as suas faltas, as nossas faltas, a fim de as corrigir e evitar no futuro, fundamenta um pessimismo de rigor".
António Barreto que, ontem, (5 de outubro), foi distinguido pelo Presidente da República com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade.
No dia 30 deste mês, o conhecido cronista, que é também apaixonado pela fotografia, fará 75 anos de idade.
Nome sonante do neorrealismo português
Por iniciativa da URAP e com o apoio do Museu do Aljube, evoca-se, no próximo dia 11 de outubro, às 18 horas, o autor de «Memórias de um Resistente». Várias vezes preso na Cadeia do Aljube, Alexandre Cabral, foi um nome sonante do neorrealismo português e um dos mais prestigiados estudiosos da obra camiliana.
O programa de evocação surge a assinalar o centenário do seu nascimento e o vigor de um homem, que com outros companheiros da sua época, se empenhou na defesa dos pobres e dos injustiçados, tanto em Portugal como em África, que tão bem conheceu.