Os incêndios que por estes dias lavram no centro de Portugal, com consequências trágicas em termos de vidas humanas, provam que no confronto com as forças da natureza o "poder" humano sai sempre a perder... É ver o que dizem os recentes estudos sobre esta matéria, com resultados dramáticos a vários níveis.
Por exemplo, os desastres naturais, sobretudo cheias, tempestades e sismos, causaram mais de oito milhões de mortes em todo o mundo desde o início do século XX - cerca de 50.000 por ano - e custaram sete biliões de dólares, segundo um estudo apresentado há um ano, em Viena, durante uma reunião da União Europeia de Geociências.
Desde 1900, os terramotos provocaram cerca de 30% das vítimas fatais de catástrofes naturais. Os sismos causaram 26% das perdas económicas atribuídas aos desastres naturais, e as erupções vulcânicas, 1%. A esses fenómenos acrescem os incêndios florestais, as secas, as ondas de calor e outros.
James Daniell, engenheiro do Instituto Tecnológico de Karlsruhe (Alemanha), registou 35.000 desastres naturais entre 1900 e 2015, o que representa a maior base de dados que existe hoje sobre o tema. "As inundações são as primeiras responsáveis" pelas perdas económicas e pelo número de mortes (metade), disse este cientista australiano especialista em estudo de riscos. Não obstante, afirma Daniell, desde 1960 as tempestades tornaram-se mais destrutivas que as inundações a nível económico.
Desde o início do século XX, acrescenta o cientista, "o número de mortes atribuídas a catástrofes naturais manteve-se constante, de maneira surpreendente, com uma ligeira queda", ainda que a população mundial tenha aumentado consideravelmente.