Democracia está em involução
Faleceu na passada segunda-feira (9 de Janeiro), aos 91 anos de idade, na cidade inglesa de Leeds, Zygmunt Bauman, sociólogo polaco que ficou célebre pela definição de “sociedade líquida”. Nasceu no seio de uma família judia e publicou mais de 50 obras e diversos artigos dedicados a temas como o consumismo, a globalização e as transformações nas relações humanas.
Combateu na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), na política aderiu à ideologia comunista e foi professor na Universidade de Varsóvia. Após as perseguições antissemitas na Polónia, partiu para a Grã-Bretanha e trabalhou como professor titular da Universidade de Leeds. De todas as suas contribuições, a obra "Modernidade e Holocausto" é considerada a mais emblemática, tendo sido distinguida com o Prémio Europeu Amalfi de Sociologia e Ciências Sociais.
Nos últimos anos participou como filósofo e sociólogo em encontros internacionais, entre os quais os promovidos no “espírito de Assis” pela Comunidade de Santo Egídio, como o de setembro de 2016, em que expressou a sua convicção sobre um diálogo necessário entre leigos e fiéis para a construção da paz.
Nas palavras da socióloga Cecilia Costa, em entrevista à Radio Vaticano, Bauman “era um estudioso de grande envergadura, porque se ocupou de fenómenos e de temas da atualidade muito importantes. Talvez seja recordado pelo termo “líquido”, que usou de modo apropriado, aplicando-o a uma série de conceitos: por exemplo “sociedade líquida”, “amor líquido”.Considero que os estudos mais importantes que fez foram sobre a ambivalência e sobre a modernidade".
Jovens precisam trocar
o mundo virtual pelo real
Nos últimos tempos "escreveu um texto no qual indica os males de uma democracia que está em involução, ao invés de evoluir-se. Além disso, ao contrário daquilo que habitualmente se imagina e se pensa, essa conexão contínua, que é vista como democratização das informações, na realidade não produz conhecimento", observa aquela socióloga.
Livros deste autor em português (editados pela Relógio D´Agua): "Confiança e Medo na Cidade", "Amor Líquido", "Modernidade e Ambivalência".